Usando a visualização da informação a serviço do leitor
por Fábio Vianna, CEO da Viewsion
[ATUALIZAÇÃO EM 5 DE JULHO: o UOL colocou uma reportagem com dados mais completos. O post já foi atualizado com os novos dados]
Estava lendo hoje o UOL e deparei-me com esta notícia: [reportagem mais completa aqui]
Não vou entrar no mérito dela, mas note que (ao menos no site), temos 100% de texto.
Tente ler uma vez e tentar classificar quais os 3 sites que mais receberam verba do governo, e quais os 3 que melhor deram retorno (melhor relação verba / visitantes).
Este é um exemplo onde uma visualização simples e amigável poderia facilitar em muito o entendimento da notícia.
Fui atrás da notícia, no site Viomundo. Lá tinham algumas tabelas e bingo, a tabela mais útil para nossa análise, perdida no meio de 17 páginas de conteúdo.
(Parêntese: há o link pro site do Fernando Rodrigues com um gráfico assustador. Só faltava ser uma pizza 3D…)
Bom, voltemos à análise da tabela:
De início: por que cargas d´água esta obsessão em se mostrar valores completos?
Olha o valor da verba recebida pelo Terra: “nove milhões, oitocentos e dezenove mil, quinhentos e sessenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos”. Quando você terminar de ler o número já vai ter esquecido do que trata a reportagem…
Não seria suficiente mostrar 9,8 milhões? Tipo de detalhe que acaba por piorar o entendimento da informação.
E para que tantas bordas na tabela? Colocar aquela linha vertical entre o nome e o valor faz o leitor “quebrar” o fluxo de leitura e deixa de ler o texto de forma contínua.
Imagino que a pessoa que fez a tabela deu um clique direto no botão de borda do Excel e pronto, nem se deu ao trabalho se seria fácil de se ler ou não.
Depois de tabulada e com alguns ajustes simples, temos esta tabela:
Este é o problema de usarmos a ferramenta sem termos conhecimento da melhor forma de apresentar a informação. Acha-se que com 2, 3 cliques a informação está lá, pronta para ser digerida.
Além da tabela acima, a reportagem do UOL complementa com uma informação mais importante: a quantidade de acessos a cada um destes sites/portais.
Porque quando vemos o Terra com a maior verba, precisamos saber se o valor investido deu retorno para o objetivo definido pelo anunciante (no caso, o Governo).
Lógico que o ideal seria alguma métrica de conversão, mas como não a temos, vamos usar os dados da reportagem (como ela não cita todos os sites/portais, vamos usar apenas aqueles disponíveis).
Os dados de acesso aos portais são:
Veja então que o Facebook teve quase 500 bilhões de visitas, mas não foi o com maior verba.
Note que a chamada da reportagem é: “Comparação com a audiência dos sites mais beneficiados revela distorções na aplicação do dinheiro”
Mas a reportagem não mostra claramente. Você recebe um monte de números e tem que fazer de cabeça a conta, mas lendo, NÃO É CAPAZ de, rapidamente, entender a chamada “distorção”. Você faz ideia, mas não VÊ.
Como melhorar
Se distorção significa que o Governo investe mais em determinados sites em detrimento de outros, com melhor audiência, por que não demonstrar isto?
Pensei rapidamente em calcularmos a relação entre a verba gasta x audiência, e depois classificar os sites com maiores custos.
Teríamos esta tabela:
A coluna verba / milhão de visitas foi calculada com base na verba dividida pelas visitas.
Bom, com isto já teríamos uma visualização melhor.
O toque final seria transformar isto em um gráfico de barras (tutorial de como fazer um aqui), com uma mensagem que conseguisse explicar a tal “distorção”. Veja a mensagem indicando o que queremos que o leitor veja.
Outra forma, talvez mais fácil de se perceber se há relação entre o volume de pageviews e a verba seria um gráfico de dispersão, como o abaixo:
Olhando o gráfico, percebemos algum racional somente nos 4 grandes portais, que possuem verbas similares e visitas idem.
Já no quadrante de verbas de até 2 milhões, temos 12 portais com totais de visitas que variam em mais quase 1 milhão de vezes a mais entre eles (opera mundi com 6 MILHÕES de visitas anuais até globo.com com 9 BILHÕES)
Ambos os gráficos explicam a mesma coisa, porém note que dependendo do “discurso”, podemos criar mais ou menos polêmica…
Por isso, quando pensamos em visualizar a informação, é importante saber:
- Quem vai ler a informação
- O que queremos mostrar para esta pessoa
- De que forma vamos mostrar isto?
O que você acha? Alguma outra sugestão? Gostaria que mostrássemos alguma informação de um jeito diferente?
(postagem publicada originalmente no blog da Viewsion e agora movido para cá)
Viewsion
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